A Lição esquecida de Wittgenstein
Ray Monk, Professor de Filosofia na Universidade de Southampton, UK.
July 20, 2000
A filosofia de Ludwig Wittgenstein é estranha ao Cientismo que domina nosso tempo. O Filósofo Ray Monk explica por qual razão o pensamento de Wittgenstein ainda é relevante.
Ludwig Wittgenstein é considerado por muitos, e eu me incluo entre estes, como o maior filósofo deste século. Suas duas grandes obras Tractatus Logico-Philosophicus (1921) e as Investigações Filosóficas (1953) exercem muita influência nos desenvolvimentos subsequentes da filosofia, especialmente na tradição analítica. Sua personalidade carismática fascina artistas, teatrólogos, poetas e novelistas, músicos e cineastas, de tal forma que sua fama se espalhou para além dos limites da academia.
Mesmo assim, em certo sentido, o pensamento de Wittgenstein tem causado pouca impressão na vida intelectual deste século. Tal como ele mesmo havia percebido, seu estilo de pensamento é estranho ao estilo de filosofia que predomina em nossa era atual. Sua obra se opõe como ele mesmo disse, ao “espírito que predomina no rumo da civilização Europeia e Americana na qual todos nós nos incluímos”. Após quase aproximadamente 50 anos de sua morte podemos ver mais claramente do que nunca que o sentimento expresso por ele de que estava nadando contra a corrente da época, era justificado. Se desejarmos dar um nome que descreva esta “corrente”, podemos chamá-la por “Cientismo” (scientism), qual seja: a visão de que toda questão inteligível possui, ou uma solução científica, ou não possui solução nenhuma. É contra esta visão que Wittgenstein se via.
O Cientismo toma várias formas. Nas humanidades toma a forma da pretensão de que a filosofia, literatura, história, música e as artes podem ser estudadas como se fossem ciências com “pesquisadores” aplicados em apresentar suas “metodologias”. Tal pretensão tem produzido uma grande quantidade de péssima produção escrita, caracterizada por uma teorização vazia, especializações espúrias e o desenvolvimento de vocabulários pseudo técnicos. Wittgenstein teria olhado para estes resultados e chorado (wept).
Existem muitas questões para as quais não temos respostas científicas e não por serem questões profundas, mistérios impenetráveis, mas simplesmente pelo fato de que não são questões científicas. Entre estas podemos citar questões sobre o amor, a arte, a história, cultura, música. Todas estas questões, de fato, que se relacionam com a tentativa de nos compreendermos melhor. Existe um sentimento espalhado pela sociedade d que o escândalo de que nos falta uma teoria da consciência e, da mesma forma, existe um grande esforço interdisciplinar que envolve médicos, cientistas da computação, psicólogos cognitivos e filósofos para se encontrar respostas científicas para as questões: o que é a consciência? O que vem a ser o “si mesmo” de uma pessoa? Um dos primeiros competidores deste campo tão povoado é a teoria lançada pelo matemático Roger Penrose de que a consciência é um campo composto por uma sequência orquestrada de eventos quânticos físicos que ocorrem no cérebro. A teoria de Penrose é de que um momento de consciência é produzido por uma sub-proteína chamada “tubulina”.

 

 

 

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